sexta-feira, 24 de junho de 2016

Música & Interdisciplinariedade

O ensino da língua em qualquer nível tem por objetivo produzir um falante/leitor/escritor competente. Isto é, tornar o aluno capaz de se expressar oralmente e por escrito, com clareza e objetividade, bem como ler e interpretar com facilidade e profundidade.
Portanto, a formação de um sujeito falante com essas características compreende um amplo leque de conteúdos implícitos na produção textual, entre os quais estão aqueles relativos à gramática textual, articulando os elementos normativos da gramática ao contexto do texto. Por isso, nessa perspectiva, o trabalho com o texto assume um papel fundamental na prática pedagógica. Mas para formar um educando assim, é preciso se voltar para um
trabalho com variados gêneros textuais, porém quase sempre o professor elege como material de leitura, apenas o livro didático, que traz textos de “proveta”, criados exclusivamente para exemplificação de fatos da língua, soando, muitas vezes artificiais ou mesmo absurdo. Daí a importância de novas alternativas para se trabalhar a língua materna, que aproximem o aluno do objeto de estudo e desperte nele o gosto pela investigação. A música é um material próximo do estudante, é objeto conhecido dele. Assim, não se pode desperdiçar a oportunidade de se trazer para a sala de aula letras veiculadas pelo rádio, televisão e internet para a apreciação crítica e debate, pois melhora
a competência linguística do cidadão, condição fundamental para atender às exigências da modernidade, que exige capacidade de avaliação de textos, sobretudo, no que concerne à informatividade.

Com o intuito de desenvolver as 04(quatro) habilidades:
1)     Compreensão auditiva
2)     Leitura
3)     Compreensão Oral
4)     Escrita

A compreensão auditiva envolve quesitos de  pronúncia,fonologia,compreensão,interpretação, forma reduzida de palavras,inferências a partir do contexto e assim por diante.

A leitura conforme Amorim e Magalhães(1998) usam a técnica de tradução,a técnica de palavras cruzadas e a técnica de encaixar palavras na música para ilustrar atividades que envolvam a prática de leitura.

A Compreensão Oral - Segundo Kanel(1996) O aprendiz pode desenvolver Compreensão Oral ,discutindo certos assuntos culturais e sociais presentes em algumas músicas. A partir disto, o aprendiz poderá aprender sobre os interesses,opiniões,atuais,modismos,valores,histórias, costumes, acontecimentos,etc.

Escrita - Registro de opiniões é outra atividade que privilegia a compreensão escrita e consiste em registrar comentários(informação ou reação sobre a música ouvida)


Com esse trabalho foi possível ter uma visão interdisciplinar, estabelecendo relações entre literatura, história, geografia, filosofia e sociologia, gerando oportunidades para a discussão das diferenças culturais a partir dos usos linguísticos documentados nas letras de música, além da reflexão acerca dos objetos linguísticos constituintes do texto, política social e econômica.
Busca-se despertar o senso crítico do educando por meio da leitura e compreensão das letras de música, levando-o a pensar a respeito dos
processos de transformação social, bem como refletir acerca da estrutura linguística superficial do texto.
O estudo dos textos musicais foi ancorado na questão sóciopolíticocultural, mobilizando fatores de coerência textual como conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, intertextualidade e polifonia. Foram discutidas também as diferenças culturais a partir dos usos linguísticos documentados nas letras de música. Outro fato analisado foi representação de mundo presente em cada um dos gêneros. Ainda foram objetos de análise, aspectos fonológicos, morfológicos, sintáticos e semânticos, enfocados numa perspectiva funcional. 
Um exemplo disso foi a MPB, que se tornou um veículo importante no qual se dramatizou a vida política, os valores e as relações sociais. Esse gênero musical, no período da ditadura teve um papel importante no país, pois os compositores dessa época utilizavam a música como instrumento de denúncia do autoritarismo e dos excessos praticados pelos generais da ditadura militar, que governavam o país. Músicas como “Cálice” de Chico Buarque de Holanda, “Alegria, Alegria” do Caetano Veloso, “Pra não dizer que não Falei das Flores” do Geraldo Vandré e “Debaixo dos Caracóis dos seus cabelos” de Roberto e Erasmo refletiam bem essa realidade vivida pelos artistas e intelectuais. 
Por outro lado, havia aqueles que faziam apologia ao regime, como é o caso da música “Você também é responsável” de Dom e Ravel, que tirava a responsabilidade do sistema e atribuía ao indivíduo. 
Mas a impressão dada é que somente músicas engajadas tratam de aspectos relacionados à realidade. Porém, é só impressão, porque, mesmo em algumas canções que falam de amor, elas não fogem da realidade, é o caso de “Objeto não Identificado” de Caetano Veloso. Nessa canção, ao mesmo tempo em que ele fala do seu amor, ele dá-lhe outra dimensão, com a utilização de toda uma descrição objetiva de fatos que estão ocorrendo na realidade. Não fica apenas na expressão de seu sentimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Livro: Português se aprende cantando-Dialogarts-uerg disponível em :
www.dialogarts.uerj.br/admin/arquivos_tfc.../Portugues_se_aprende_cantando.pdf
A música enquanto estratégia de aprendizagem no ensino da Língua Inglesa
Dissertação Gobbi Denise  disponível em :
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3066/000331440.pdf?sequence=1
O genêro música na sala de aula: Uma exploração contextualizada: Autor José Luiz Leite
disponível em : www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1495-8.pdf